O Planetário de Campinas acaba de completar, no final de outubro de 2007, 20 anos de existência. É um espaço bastante interessante. Ao mesmo tempo em que é uma construção moderna, bem situada no Taquaral, a maioria não sabe onde fica e até desconhece sua existência. Muitos, na verdade, nunca foram em um planetário.
Lá, conhecemos Glauco, o atual diretor do Museu Dinâmico de Ciências de Campinas (MDCC), sendo este formado pelo Planetário e pelo Espaço Ciência-Escola. Apesar de ter-nos dado um belo bolo no encontro da Estação Ferroviária, nos recebeu muito bem, fez um envolvente discurso sobre Ciência e o Planetário, e propôs para que trabalhássemos na sonoplastia da apresentação, aos domingos, visto que desde junho as sessões públicas foram cortadas por falta de pessoal para coordenar a apresentação aos finais de semana.
A proposta era interessante. Aprenderíamos a coordenar a sonoplastia da apresentação para que as sessões públicas fossem reabertas aos domingos. Ele então, nos apresentou aos dois e únicos responsáveis pelas apresentações, Cláudio e Michel, que começaram a nos explicar o que era de fato o planetário e o que faríamos.
Porém, ao serem informados do tempo em que estagiaríamos, a fisionomia de ambos mudou. Eles acreditavam que trabalharíamos lá por pelo menos seis meses, e não seis semanas. Para que aprenderíamos algo (trocar músicas no tempo certo) que não utilizaríamos depois e nem os ajudaríamos mais? Para que divulgar sessões públicas aos domingos se logo em dezembro elas não mais existiriam?
Conversando com o Cláudio e o Michel, começamos a perceber a triste realidade de todo o MDCC. Formado por um convênio firmado em 1982, entre a Prefeitura Municipal de Campinas, a Unicamp, a FUNCAMP (Fundação de Desenvolvimento da Unicamp) e a Academia de Ciências do Estado de São Paulo (ACIESP), o museu encontra-se atualmente com um financiamento mínimo para o pagamento de alguns funcionários, sendo que outros chegam a ser pagos com o próprio dinheiro das apresentações feitas às escolas durante a semana.
Há apenas um contratado pela Unicamp (Cláudio), os outros são contratados pelo museu, como Michel, Gláucia (secretária), Irma, Virgínia (responsáveis pela administração do local e recepção das escolas) e Dorinha (limpeza), todos muito receptivos e agradáveis, dando até mesmo um aspecto de ambiente familiar, visto que a maioria já trabalha lá há mais de 14 anos.
O Espaço Ciência-Escola, composto por dois laboratórios, um de química e um de biologia, além de espaços de interação e uma Oficina Técnica, onde professores e pesquisadores podem fazer brinquedos de madeira e maquetes, encontra-se completamente abandonado. É algo frustrante de ver. Há ótimos equipamentos, tabelas periódicas, brinquedos educativos, uma pequena biblioteca com diversos livros de Ciências, Matemática, Biologia... Tudo completamente abandonado, pois não há funcionários suficientes para seu funcionamento.
Todos os equipamentos, incluindo o planetário (a máquina, especificamente) e os instrumentos dos laboratórios, são da Unicamp. A administração fica a cargo da Prefeitura, e então entendemos o porquê de um fiscal de planejamento urbano (Glauco) ocupar atualmente o cargo de Coordenador de um Museu de Ciências. Glauco, na verdade, não possui nenhuma experiência na área e tampouco se importou em avisar aos responsáveis, Cláudio e Michel, que ficaríamos por apenas seis semanas.
A situação de verba é outro problema grave. A cada ano, há reajustes nos salários dos atuais funcionários, mas não ocorre o mesmo com o preço das apresentações. É claro que se houvesse um financiamento maior do convênio, o fundo gerado pelas apresentações poderia ser utilizado para o aprimoramento de todo o museu.
Também não há uma política de substituição de funcionários. Nos tempos áureos, havia sete funcionários da própria Unicamp, além de dez bolsistas, e isso apenas no Planetário. O único que restou para contar a história foi o Cláudio. Segundo ele, o desinteresse da Universidade pelo Museu cresce a cada ano. O fato de o Museu se firmar por um convênio também não ajudou, pois o desinteresse inicial de algumas partes terminou por originar um descompromisso de todas as outras.
Assim, levando em conta todas as circunstâncias, o que o Cláudio e o Michel nos propuseram foi um estágio mais pautado na observação, devido ao curto tempo de estágio. Primeiramente, assistiríamos às sessões como visitantes normais, até mesmo porque nenhuma de nós duas havia tido contato com um planetário. Depois, passaríamos a assistir na cabine, parar observar como é o trabalho dos “planetaristas”, e, quem sabe, chegar a trabalhar um pouco com a sonoplastia.
De fato, foi o que fizemos nas últimas semanas. Foi, certamente, uma experiência diferente de qualquer outra, que será contada de uma próxima vez. No entanto, gostaríamos de fazer algo mais pelo Museu, e começamos por aqui, ao relatar para vocês um pouco do que se esconde por trás da fachada de uma bela estrutura física ou de um site informativo (www.abcmc.org.br/mdcc/apresent.html) que chega a informar o funcionamento normal e dinâmico de todo o museu e suas variadas atividades.
Lá, conhecemos Glauco, o atual diretor do Museu Dinâmico de Ciências de Campinas (MDCC), sendo este formado pelo Planetário e pelo Espaço Ciência-Escola. Apesar de ter-nos dado um belo bolo no encontro da Estação Ferroviária, nos recebeu muito bem, fez um envolvente discurso sobre Ciência e o Planetário, e propôs para que trabalhássemos na sonoplastia da apresentação, aos domingos, visto que desde junho as sessões públicas foram cortadas por falta de pessoal para coordenar a apresentação aos finais de semana.
A proposta era interessante. Aprenderíamos a coordenar a sonoplastia da apresentação para que as sessões públicas fossem reabertas aos domingos. Ele então, nos apresentou aos dois e únicos responsáveis pelas apresentações, Cláudio e Michel, que começaram a nos explicar o que era de fato o planetário e o que faríamos.
Porém, ao serem informados do tempo em que estagiaríamos, a fisionomia de ambos mudou. Eles acreditavam que trabalharíamos lá por pelo menos seis meses, e não seis semanas. Para que aprenderíamos algo (trocar músicas no tempo certo) que não utilizaríamos depois e nem os ajudaríamos mais? Para que divulgar sessões públicas aos domingos se logo em dezembro elas não mais existiriam?
Conversando com o Cláudio e o Michel, começamos a perceber a triste realidade de todo o MDCC. Formado por um convênio firmado em 1982, entre a Prefeitura Municipal de Campinas, a Unicamp, a FUNCAMP (Fundação de Desenvolvimento da Unicamp) e a Academia de Ciências do Estado de São Paulo (ACIESP), o museu encontra-se atualmente com um financiamento mínimo para o pagamento de alguns funcionários, sendo que outros chegam a ser pagos com o próprio dinheiro das apresentações feitas às escolas durante a semana.
Há apenas um contratado pela Unicamp (Cláudio), os outros são contratados pelo museu, como Michel, Gláucia (secretária), Irma, Virgínia (responsáveis pela administração do local e recepção das escolas) e Dorinha (limpeza), todos muito receptivos e agradáveis, dando até mesmo um aspecto de ambiente familiar, visto que a maioria já trabalha lá há mais de 14 anos.
O Espaço Ciência-Escola, composto por dois laboratórios, um de química e um de biologia, além de espaços de interação e uma Oficina Técnica, onde professores e pesquisadores podem fazer brinquedos de madeira e maquetes, encontra-se completamente abandonado. É algo frustrante de ver. Há ótimos equipamentos, tabelas periódicas, brinquedos educativos, uma pequena biblioteca com diversos livros de Ciências, Matemática, Biologia... Tudo completamente abandonado, pois não há funcionários suficientes para seu funcionamento.
Todos os equipamentos, incluindo o planetário (a máquina, especificamente) e os instrumentos dos laboratórios, são da Unicamp. A administração fica a cargo da Prefeitura, e então entendemos o porquê de um fiscal de planejamento urbano (Glauco) ocupar atualmente o cargo de Coordenador de um Museu de Ciências. Glauco, na verdade, não possui nenhuma experiência na área e tampouco se importou em avisar aos responsáveis, Cláudio e Michel, que ficaríamos por apenas seis semanas.
A situação de verba é outro problema grave. A cada ano, há reajustes nos salários dos atuais funcionários, mas não ocorre o mesmo com o preço das apresentações. É claro que se houvesse um financiamento maior do convênio, o fundo gerado pelas apresentações poderia ser utilizado para o aprimoramento de todo o museu.
Também não há uma política de substituição de funcionários. Nos tempos áureos, havia sete funcionários da própria Unicamp, além de dez bolsistas, e isso apenas no Planetário. O único que restou para contar a história foi o Cláudio. Segundo ele, o desinteresse da Universidade pelo Museu cresce a cada ano. O fato de o Museu se firmar por um convênio também não ajudou, pois o desinteresse inicial de algumas partes terminou por originar um descompromisso de todas as outras.
Assim, levando em conta todas as circunstâncias, o que o Cláudio e o Michel nos propuseram foi um estágio mais pautado na observação, devido ao curto tempo de estágio. Primeiramente, assistiríamos às sessões como visitantes normais, até mesmo porque nenhuma de nós duas havia tido contato com um planetário. Depois, passaríamos a assistir na cabine, parar observar como é o trabalho dos “planetaristas”, e, quem sabe, chegar a trabalhar um pouco com a sonoplastia.
De fato, foi o que fizemos nas últimas semanas. Foi, certamente, uma experiência diferente de qualquer outra, que será contada de uma próxima vez. No entanto, gostaríamos de fazer algo mais pelo Museu, e começamos por aqui, ao relatar para vocês um pouco do que se esconde por trás da fachada de uma bela estrutura física ou de um site informativo (www.abcmc.org.br/mdcc/apresent.html) que chega a informar o funcionamento normal e dinâmico de todo o museu e suas variadas atividades.
Que ninguém se espante, portanto, por não haver nenhuma comemoração pelos 20 anos de existência do Planetário de Campinas. Comemorar o que?
Andresa e Raquel
Um comentário:
Raquel: vcs fizeram um excelente relato e toca em questões sérias que, infelizmente, são comuns às áreas museológicas e culturais - a escassez de recursos.
Outro ponto que nos diz respeito diretamente é quanto ao período de realização do estágio. Entendo que o período é curto, mas a proposta é de estabelecer uma vivência e "apresentação" das atividades realizadas nesses lugares. Não dá para pensarmos em um estágio como uma forma de "solução" para os problemas estruturais do Observatório ou de qualquer outro espaço.
Entendo a frustração dos responsáveis como um ponto positivo: eles querem um intercâmbio maior e uma "tristeza" por um vínculo que agora é restrito, mas quem sabe, possa se intensificar num futuro próximo.
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