quarta-feira, 14 de novembro de 2007

A hora e a vez do MIS

Esse relato tem por objetivo contar, mesmo que brevemente, as nossas experiências no MIS - Museu da Imagem e Som, bem como mostrar um pouco do seu funcionamento. O MIS foi fundado em 1975 e, desde então, vem captando, organizando, preservando e divulgando registros iconográficos que documentam a história social e cultural de Campinas. Além destes registros, possui um acervo tecnológico, constituído por equipamentos exemplares do desenvolvimento e do uso da tecnologia audiovisual.
Em 2004, o MIS ganhou sede própria no Palácio dos Azulejos, iniciando uma nova fase de planejamento em relação aos acervos e desenvolvimentos de programas e projetos e fortalecimento de comunicação com o público.
Nos últimos anos, o museu tem desenvolvido ações que buscam integrar: preservação de acervos iconográficos e sonoros, pesquisa e difusão cultural, além de atender a demanda de consultas de estudantes, professores, cineastas, produtores culturais, enfim, profissionais de diversas áreas que necessitam ter acesso às imagens históricas da cidade e região. O Museu realiza seus próprios projetos de pesquisa, cujos resultados são disponibilizados para a população em exposições, publicações e vídeos. O MIS também organiza mostras de vídeo, cinema e fotografia.
Assim como os outros relatos feitos até agora, no MIS a coisa não está muito diferente já que faltam recursos para as coisas mínimas, ou seja, papel higiênico, luvas, continuação de obras e etc. Contudo, isso não é motivo para ficarmos paradas “vendo a banda passar”, não é mesmo?
Na nossa primeira semana de estágio, alguns funcionários nos apresentaram o espaço que abriga o museu, ou seja, o Palácio dos Azulejos. Visitamos a exposição permanente, adentramos em salas que, por total falta de recursos, estão entregues às moscas, e podemos conhecer também a forma como o museu está estruturado.
O MIS está dividido em setores de fotografia, vídeo, cinema e música, além de possuir uma biblioteca com publicações que vão desde livros e revistas até partituras. Nessa ocasião, os funcionários, falaram também a respeito da discoteca que contém muita, mas muita coisa interessante mesmo, mas que por falta de verbas, funcionários, espaço adequado (ou seja, tudo!) ainda não é aberta para a consulta do público.
Pensando nisso, achamos que seria interessante, desenvolver mesmo que por pouco tempo um trabalho de preservação, organização e catalogação do acervo juntamente com a Flávia, uma profissional formada em música, responsável pelo setor.
Adentrando o espaço físico da discoteca pudemos observar a enorme quantidade de discos, bem como o estado precário de alguns. Contudo, foi só com o manuseio destes (tem de ser feito de maneira muito cuidadosa porque para quebrar é muito fácil, e nós não pretendemos ser responsáveis pela destruição do patrimônio público, rs) que nos demos conta da diversidade, já que encontramos óperas, sambas (esses são muitos!), tango, bolero, enfim tem de tudo.
Bom, mas voltando um pouco, o nosso trabalho é basicamente pegar disco por disco e catalogar, ou seja, colocar o nome da canção, o gênero e o intérprete, além de limpar cada um deles. Analisamos essa atividade de maneira muito positiva na medida em que, estamos entrando em contato tanto com a parte de pesquisa quanto com a parte técnica.
Também testemunhamos a falta de cuidado com a catalogação durante as diversas gestões que o Museu conheceu. Parte do acervo está organizada, mas não há um registro escrito da lógica da organização feita pelos antigos funcionários. Com isso a atual responsável, a Flávia, é obrigada a organizar novamente todo o acervo, fato que inviabiliza o acesso aos pesquisadores.

A falta de um computador que abrigue os dados de todo acervo é mais um agravante. Mesmo assim está sendo interessante acompanhar o processo de catalogação, ainda que com muitas dificuldades, e como o registro dos procedimentos adotados é vital para o bom funcionamento do Museu. E esperamos que nossa pequena participação contribua com a abertura de um acervo muito rico na área da história da música.

Pâmela e Luciana


2 comentários:

José Alves disse...

Talvez dentre todos os grupos vcs são os que estão no prédio mais imponente.
A oportunidade de conhecer um acervo que não é aberto ao público é rara. Sempre pensei que uma das tarefas do historiador é lidar com uma profissão que é pública. Nossas pesquisas dialogam diretamente com interesses, conflitantes é claro, mas coletivos. Uma pesquisa é sempre uma porta aberta para algum aspecto da temporalidade de uma sociedade que a produziu.
Mesmo que a situação do MIS seja semelhante a dos outros órgãos (quanto a recursos e funcionamento) vcs estão tendo uma chance rara de conhecer nas entranhas este Museu que terá mnuito a revelar. Quantos colegas não gostariam de ter a oportunidade de conhecer este acervo?

Soraia disse...

O prédio do Mis é realmente muito imponente, mas vale destacar que ele não foge à regra quando se trata de instituição pública. Quando o museu nos foi apresentado pelos funcionários, estes (sem exceção) nos contavam o quanto ele estava (literalmente até...) jogado às traças. Na maioria das vezes em que abriam alguma sala para conhecermos, os funcionários diziam que o ambiente estava cheio de documentos e objetos jogados. A impressão que se tem é que antes não se tratava de um museu, mas de um "amontoado" de "entulhos" antigos....
O Mis tem vários projetos para a melhoria do acervo, além da construção de uma sala de exibição nova que, como é de se imaginar, está parada...
É por aí que a gente vê que, apesar de realmente ser um prédio imponente, ele representa o descaso do poder público com o patrimônio histórico em geral, e não apenas com o MIS....
Tá meio "cach" essa conclusão, mas é verdade. Depois que vc passa a frequentar o lugar vc tem uma noção do quanto isso é grave...e triste.
Abraços a todos!