Para acabar logo com a curiosidade geral, decidimos escrever o nosso primeiro post sobre as nossas primeiras experiências e impressões com o estágio no Observatório Municipal Jean Nicolini. Inaugurado em 15 de janeiro de 1977, foi o primeiro observatório municipal do país, denominado, então, como Estação Astronômica de Campinas. Localizado no pico de Cabras, hoje suas atividades abrangem de visitas educativas de divulgação até pesquisa astronômica e espacial. Após resolver o primeiro impasse surgido logo na primeira semana de estágio - a questão do transporte -, agora lidamos com um problema que não está em nossas mãos: a chuva. Por ter que enfrentar cerca de 10 km de estrada de terra para poder chegar ao Observatório, em períodos de chuva forte o acesso ao mesmo se torna impossibilitado. Por isso, em duas semanas não pudemos ir até lá devido à falta de colaboração de São Pedro.
E não é exagero: haja chão para chegar até lá. Dura cerca de uma hora e meia o trajeto da Estação Cultural até o Observatório. No nosso primeiro dia, fomos muito bem recebidos pelos três astrônomos que lá trabalham. Pelas conversas que tivemos com eles, ficamos sabendo um pouco sobre a estrutura do local, o seu funcionamento e os principais problemas enfrentados por eles. As visitas ao Observatório são de dois tipos: as visitas educacionais e as públicas. As primeiras ocorrem de terça à sexta-feira, com um agendamento prévio da escola interessada. Nelas, os estudantes do 1º ao terceiro graus tem a oportunidade ter um contato direto com a Astronomia e as ciências correlatas. O objetivo principal da atividade que dura umas duas horas é o de demonstrar as relações que a Astronomia tem com o cotidiano, aproximando, assim, a ciência dos estudantes. Já as visitas públicas ocorrem aos domingos, das 17h às 21h. Para a visita é cobrada uma taxa de R$ 3,00 por pessoa, sendo isentos crianças até 6 anos e adultos a partir de 60 anos. Ficamos sabendo que as visitas aos domingos são a principal fonte de renda para manutenção do Observatório. Assim como já foi relatado pelas meninas que estagiam no Planetário, o Obsevatório também sofre com a baixa arrecadação, problema este agravado devido aos custos que ele tem para a manutenção dos telescópios. À primeira vista, a situação do local não demonstra isso: ele está muito bem conservado e sem maiores problemas de infra-estrutura. Entretanto, pelo que nos contaram, são os próprios funcionários de lá que tiram do seu bolso o dinheiro para tinta, por exemplo, já que a verba arrecadada volta-se principalmente para conservar os aparelhos científicos. A história de alguns dos telescópios de lá já é por si só irônica: contaram-nos que um deles foi fruto de uma troca econômica feita pelo governo militar, durante a ditadura, e que durante muito tempo ficou desmontado e esquecido no interior de Minas Gerais. Somente na década de 1980, ele foi adquirido pela então Estação Astronômica de Campinas que passou a realizar pesquisas com o que a revista Veja na década de 1970 referiu-se como “entulho científico dos militares”.
O principal problema de lá realmente é a verba. Um reflexo disso é o transporte liberado pela prefeitura, que já chegou a mandar até mesmo o carro sem combustível suficiente. Mas, o empenho dos quatro funcionários que lá desenvolvem as atividades de pesquisa e educativa consegue contornar isso. Mesmo com a falta de verba conseguem, na medida do possível, manter o funcionamento das atividades do Observatório e desenvolver projetos nele. Um exemplo disso é o fato de que um dos pesquisadores está lançando sua candidatura para vereador de Campinas nas próximas eleições. O argumento que ele nos apresentou foi de que se a prefeitura não olha para as instituições científicas com o cuidado que elas merecem, por não serem “fontes de voto”, a sua eleição provaria o contrário e ele poderia, então, defender a demanda desses lugares.
Assim como as meninas que estão no Planetário, de início não sabíamos exatamente o que faríamos no Observatório. De início, achávamos que teríamos que aprender sobre Astronomia, Física... esse monte de coisa que passado o vestibular fica lá nas memórias escolares. Mas, um dos pesquisadores, propôs que nós o ajudássemos a desenvolver um projeto interdisciplinar que ele pretende apresentar a partir do ano que vem. Nesse projeto, intitulado “Telescópio: espelho do tempo”, ele pretende mostrar que a noção de tempo é uma construção, pois quando olhamos uma constelação através de um telescópio a imagem que vemos é uma imagem do passado, do tempo necessário que sua luz leva pra chegar até nossos olhos e para que ela pudesse ser visualizada. Então, caberia a gente pegar algumas dessas constelações capazes de ser vistas no Observatório e, a partir da sua distância em anos-luz, pesquisar sobre qual imagem e qual época essa mesma constelação teria da terra caso houvesse alguém que de lá nos observasse. Um jeito encontrado por ele de juntar a História e a Astronomia e, ainda, um modo de ensinar as duas disciplinas de maneira divertida e curiosa. O bom dessa proposta é que mesmo nos dias em que o clima de Campinas não resolve colaborar, podemos desenvolver as atividades do estágio através da pesquisa sobre as datas selecionadas. Essas pesquisas ainda incluem o uso de imagens e sons, o que torna a exposição mais interativa e interessante.
E não é exagero: haja chão para chegar até lá. Dura cerca de uma hora e meia o trajeto da Estação Cultural até o Observatório. No nosso primeiro dia, fomos muito bem recebidos pelos três astrônomos que lá trabalham. Pelas conversas que tivemos com eles, ficamos sabendo um pouco sobre a estrutura do local, o seu funcionamento e os principais problemas enfrentados por eles. As visitas ao Observatório são de dois tipos: as visitas educacionais e as públicas. As primeiras ocorrem de terça à sexta-feira, com um agendamento prévio da escola interessada. Nelas, os estudantes do 1º ao terceiro graus tem a oportunidade ter um contato direto com a Astronomia e as ciências correlatas. O objetivo principal da atividade que dura umas duas horas é o de demonstrar as relações que a Astronomia tem com o cotidiano, aproximando, assim, a ciência dos estudantes. Já as visitas públicas ocorrem aos domingos, das 17h às 21h. Para a visita é cobrada uma taxa de R$ 3,00 por pessoa, sendo isentos crianças até 6 anos e adultos a partir de 60 anos. Ficamos sabendo que as visitas aos domingos são a principal fonte de renda para manutenção do Observatório. Assim como já foi relatado pelas meninas que estagiam no Planetário, o Obsevatório também sofre com a baixa arrecadação, problema este agravado devido aos custos que ele tem para a manutenção dos telescópios. À primeira vista, a situação do local não demonstra isso: ele está muito bem conservado e sem maiores problemas de infra-estrutura. Entretanto, pelo que nos contaram, são os próprios funcionários de lá que tiram do seu bolso o dinheiro para tinta, por exemplo, já que a verba arrecadada volta-se principalmente para conservar os aparelhos científicos. A história de alguns dos telescópios de lá já é por si só irônica: contaram-nos que um deles foi fruto de uma troca econômica feita pelo governo militar, durante a ditadura, e que durante muito tempo ficou desmontado e esquecido no interior de Minas Gerais. Somente na década de 1980, ele foi adquirido pela então Estação Astronômica de Campinas que passou a realizar pesquisas com o que a revista Veja na década de 1970 referiu-se como “entulho científico dos militares”.
O principal problema de lá realmente é a verba. Um reflexo disso é o transporte liberado pela prefeitura, que já chegou a mandar até mesmo o carro sem combustível suficiente. Mas, o empenho dos quatro funcionários que lá desenvolvem as atividades de pesquisa e educativa consegue contornar isso. Mesmo com a falta de verba conseguem, na medida do possível, manter o funcionamento das atividades do Observatório e desenvolver projetos nele. Um exemplo disso é o fato de que um dos pesquisadores está lançando sua candidatura para vereador de Campinas nas próximas eleições. O argumento que ele nos apresentou foi de que se a prefeitura não olha para as instituições científicas com o cuidado que elas merecem, por não serem “fontes de voto”, a sua eleição provaria o contrário e ele poderia, então, defender a demanda desses lugares.
Assim como as meninas que estão no Planetário, de início não sabíamos exatamente o que faríamos no Observatório. De início, achávamos que teríamos que aprender sobre Astronomia, Física... esse monte de coisa que passado o vestibular fica lá nas memórias escolares. Mas, um dos pesquisadores, propôs que nós o ajudássemos a desenvolver um projeto interdisciplinar que ele pretende apresentar a partir do ano que vem. Nesse projeto, intitulado “Telescópio: espelho do tempo”, ele pretende mostrar que a noção de tempo é uma construção, pois quando olhamos uma constelação através de um telescópio a imagem que vemos é uma imagem do passado, do tempo necessário que sua luz leva pra chegar até nossos olhos e para que ela pudesse ser visualizada. Então, caberia a gente pegar algumas dessas constelações capazes de ser vistas no Observatório e, a partir da sua distância em anos-luz, pesquisar sobre qual imagem e qual época essa mesma constelação teria da terra caso houvesse alguém que de lá nos observasse. Um jeito encontrado por ele de juntar a História e a Astronomia e, ainda, um modo de ensinar as duas disciplinas de maneira divertida e curiosa. O bom dessa proposta é que mesmo nos dias em que o clima de Campinas não resolve colaborar, podemos desenvolver as atividades do estágio através da pesquisa sobre as datas selecionadas. Essas pesquisas ainda incluem o uso de imagens e sons, o que torna a exposição mais interativa e interessante.
Marcos e Larissa
Um comentário:
Marcos e Lari: além da saga de vcs posso observar uma opinião recorrente - os esforços dos funcionários e a dedicação deles às instituições.
Parece-me que sem esta dedicação muitos espaços estarima fechados ou em situação ainda mais precária. Será esta dedicação um comportamento determinante para o serviço público da área?
Torçam para a chuva passar, ou então cante a música de sua conterrânea... "sou céu e mar.."(rs)
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