sábado, 15 de dezembro de 2007

Museu da Cidade - Parte II

Nosso estágio no Museu da Cidade foi, do começo ao fim, realizado nos dias de chuva. Além do pó, acumulado por um ano e meio sem faxina, as goteiras estavam presentes em todos os momentos, formando pequenos rios e cachoeiras, que escorriam pelas paredes. Era um empurra peça daqui e de lá. O máximo esforço para não molhar nada, mas a umidade fazia seu estrago sozinha. Foi muito triste ver tantas peças se estragando com o tempo. Algumas cestas se desmancharam e vasos de cerâmica quebraram-se ao menor dos toques.

Infelizmente, as fotos que temos foram tiradas durante o nosso árduo trabalho com o acervo e, por mostrarem algumas peças, não puderam ser colocadas nesse blog.

O que mais nos sensibilizou foram as fantasia de carnaval de Carlito Maia (filho de Orosimbo Maia e grande carnavalesco) em alguns cabides, sob sacos plásticos furados e sujos, sem a proteção adequada.

Durante o estágio, eu, Laura, fiquei com o acervo do Museu Etnográfico, basicamente composto por peças indígenas – desde enfeites com rabinhos de cobras, cestas enormes e pequenininhas e até cassetetes bem assustadores.

Eu, Isabel, procurei muitas estatuetas de santos e diversos vasos de cerâmica no livro de catalogação do Museu Folclórico, que abrangia grande variedade de tipos de peça, indo de utensílios domésticos a gaiolas de pássaros.

Apesar de muita poeira – com a qual tínhamos de lidar sob máscaras e luvas (por sorte um recurso do Museu) –, não chegamos a encontrar nenhum inseto que nos atacasse, para alívio de quem pegava uma cumbuca com pó e bichinhos mortos. O Museu sofreu um processo de dedetização bem eficaz – uma das poucas medidas efetivas contra a deterioração do acervo. No entanto, mesmo assim foi possível observar inúmeras peças atacadas por cupim que, não fosse a ineficiência burocrática da prefeitura impedindo, iriam para incineração – uma vez que já não podiam ser expostas e, possivelmente, promoveriam a ocorrência de cupim em outras peças do acervo.

Como já foi explicado por Lívia e Kelly, o Museu possui diversos tipos de catalogação, o que dificultou um pouco o trabalho. O que os funcionários – a coordenadora Renata e o historiador Américo –desejavam era um projeto que criasse um sistema de catalogação unificado mas que, ao mesmo tempo, respeitasse as categorias atuais. Mas o tempo lá foi curto demais para que fizéssemos qualquer coisa além de limpar. Uma pena.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Orestes Augusto Toledo, historiador do MIS

Bom, primeiro nós queríamos nos desculpar pela demora para divulgar esta entrevista. Para que não pensem que o nosso estágio se resumiu a atividade na discoteca, realizamos o registro de uma das conversas que tivemos com alguns dos profissionais atuantes no MIS. Se trata de uma entrevista com o historiador Orestes Augusto Toledo, que também é professor do ensino médio, e que atua nos setores de História Oral e Pedagogia da Imagem e também participa da seleção dos ciclos de filmes que são exibidos gratuitamente no museu.



Entrevista realizada com o professor Orestes Augusto Toledo,historiador do MIS de Campinas do setor Imagem e Vídeo e Pedagogia da Imagem.

Primeiramente você pode nos falar sobre sua atuação, como historiador, dentro do Museu.
Orestes - O museu da Imagem e do Som é um museu histórico, então o historiador é um profissional necessário. No meu setor, por exemplo, um trabalho de história oral em vídeo é a gravação de depoimentos de pessoas, que pode ser um depoimento de história de vida por exemplo. O MIS é um museu histórico, mas o nosso suporte é o audiovisual. Evidentemente na pesquisa preparatória para a produção de um documento audiovisual entra a pesquisa historiográfica e o documento escrito. Mas o produto final, que será arquivado, que irá constituir o acervo do museu é de suporte audiovisual. A história oral é realizada aqui no museu desde os anos 80, nessa época só em audio. A partir dos anos 90 acrescentou –se o vídeo. Com a imagem há acréscimo de informações, as vezes uma expressão, um sorriso, uma pausa. Tendo a imagem você pode registrar o semblante, o gestual, informações a mais do ponto de vista histórico. Então, sendo um Museu da Imagem e do Som e sendo um museu histórico, o historiador pode trabalhar nessa área de história oral.
Incluiu-se o programa chamado pedagogia da imagem, no museu, porque constatamos que a documentação, o registro audiovisual não é apenas um conteúdo. É preciso se levar em conta a técnica que foi utilizada para fazer esse registro. Ou seja, se foi feito em película, em VHS, se foi analógico ou digital. Isso também é um registro histórico. Mas, além de ter uma informação de conteúdo, além de ter uma informação de tecnologia, há uma terceira informação. Aí entra a pedagogia da imagem, que é a questão mais complexa, estética que é o olhar de quem filma.
Por isso, o museu entrou nessa discussão da pedagogia da imagem, uma discussão sobre a alfabetização audiovisual, discutir não só o conteúdo, não só o suporte material, mas discutir algo que está no olhar subjetivo de quem filma.
O Mis trabalha com outros profissionais, um museólogo, outros historiadores, profissionais de publicidade e propaganda, radio e tv. Ficamos e estamos ainda com muita dificuldade de produção audiovisual porque o nosso equipamento está em reparo. Estamos sem a ilha de edição. Sendo assim, o setor de história oral em vídeo está funcionando de maneira precária.


Sobre o setor de história oral, como são escolhidos os entrevistados? O Museu tem uma linha especifica e a partir desta escolhe os entrevistados? As entrevistas são um depoimento de vida ou são direcionadas?
Orestes - Esse setor de história oral em vídeo, tem 2 programas permanentes. Um é o registro das atividades culturais que acontecem na cidade, quando algum evento acontece nós vamos até lá e filmamos. Temos também um programa de ação permanente que chamamos Memória das Lutas Sociais em Campinas, cujo o critério de escolha dos entrevistados vai desde a faixa etária avançada até o papel protagonista que eles tiveram na organização do movimento sindical, grandes acontecimentos históricos que repercutiram em Campinas. Os porta-vozes das lutas que aconteceram em Campinas.
Em história temática nós fizemos um trabalho que é a História da Construção, Funcionamento e demolição do teatro Carlos Gomes. Nós entrevistamos desde o pedreiro até a equipe de arquitetos e engenheiros que assinaram o laudo técnico para a derrubada do teatro.
Nós temos também um material de história de vida, grande parte de pessoas falecidas.



Com relação aos diálogos estabelecidos entre os museus e o poder público, ou seja, a questão das verbas tanto para o funcionamento do museu quanto para o financiamento dos projetos, você acha que a população pode exercer pressão em relação ao aumento de verbas?
Orestes - Não é só o fato de haver muita ou pouca verba, eu acho que o maior problema é ele não ter uma dotação orçamentária própria efetiva, real. E não ser discutido com a própria equipe do museu sobre o que fazer com esse dinheiro. Como toda a necessidade material de manutenção e de projetos envolve custos, é difícil administrar a manutenção do museu e o seu funcionamento, sem ter uma dotação orçamentária própria. Assim, fica sempre ao “deus dará”. Nunca se sabe quanto dinheiro vai ser gasto ou não, e ouvindo sim ou ouvindo não, .o museu não tem o que discutir, o que dialogoar porque não tem uma dotação orçamentária própria. Não há planejamento.

Luciana, Pâmela, Vivian e Soraia.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Fotos da sala de exibição







Essas fotos são do espaço interno do que será futuramente (esperamos que em breve) a nova sala de exibição do museu. Infelizmente, no momento a obra se encontra parada. A conclusão desta sala é de grande importância, pois tornará a exibição dos ciclos de filmes, que ocorre em todos os finais de semana, mais confortável aos espectadores; e o aumento do espaço também pode trazer mais freqüentadores.
Luciana, Soraia, Pâmela e Vivian.



Fotos da situação do acervo










Infelizmente a maior parte do acervo do museu se encontra deste modo, sem local apropriado, sem classificação. Mas é importante ressaltar o esforço de alguns funcionários (como os do setor de fotografia) que estão se esforçando para organizar o acervo.
Luciana, Vivian, Soraia e Pâmela.